Visitar cada município, até os lugares mais distantes, atender o maior número de mulheres possível, realizar exames, diagnosticar nódulos, salvar vidas. Essa é a missão do Grupo Onça Pintada (GOP), Organização Não Governamental (ONG) que há 13 anos percorre Mato Grosso do Sul oferecendo exames gratuitos de prevenção de câncer de mama para a população e apoio para as mulheres já acometidas pela doença.
E o número de pessoas atendidas pelo GOP aumenta a cada dia. Somente no último final de semana a entidade atendeu em Porto Murtinho, Caracol e Alto Caracol 350 mulheres. No mesmo dia em que foram examinadas pela médica do Grupo Onça Pintada, as mulheres que necessitaram, realizaram imediatamente o exame de ultrassom das mamas, o que deixa claro a seriedade do trabalho desenvolvido pelo GOP.
A preocupação com a vida das pacientes e a necessidade de ajudá-las, faz com que toda a equipe trabalhe incansavelmente para agilizar os exames e possibilitar a cura das mulheres diagnosticadas com a doença. Por isso, assim que passam pelo primeiro atendimento no GOP, que é a consulta e o exame de ultrassom, as mulheres já saem da unidade móvel com encaminhamento para realizar a mamografia.
O exame de mamografia também é oferecido de graça pelo Grupo Onça Pintada e a espera para realizá-lo é de no máximo um mês. Na data marcada elas são atendias por um especialista da ONG, fazem a mamografia, se necessário repetem o exame de ultrassom e passam por consulta. Tudo em um único dia.
Essa rapidez favorece o diagnóstico precoce do câncer e aumenta a chances de cura. Durante o atendimento realizado neste final de semana, das 300 mulheres atendidas e das 100 que já realizaram o ultrassom, 40 vão fazer mamografias, duas já foram encaminhadas para cirurgia e 8 devem passar por consulta com o mastologista. E esse é a resultado de apenas três dias de atendimento.
Fazendo este trabalho de prevenção do câncer de mama, o Grupo Onça Pintada se destaca não só no Estado, mas em todo o país, uma vez que as dificuldades enfrentadas pelas brasileiras para saber se estão com não com doença são muitas e envolvem desde a demora em conseguir marcar uma simples consulta até meses de espera para realizar uma mamografia ou mesmo o ultrassom.
Esse assunto foi tema no último domingo (04/05) de uma reportagem do Fantástico. Com o título “Apesar de curável, câncer de mama é o que mais mata mulheres no Brasil”, a matéria, que faz parte de uma série produzida pelo programa e apresentada pelo Dr. Dráuzio Varela, falou sobre a angústia das mulheres que ficam um longo tempo à espera de um diagnóstico e muitas vezes iniciam o tratamento tardiamente. Ainda de acordo com a reportagem, o Brasil precisaria apenas de 800 mamógrafos para atender com qualidade a população. Embora o país tenha 5 mil desses aparelhos, muitos estão em desuso ou por falta de manutenção ou porque nem mesmo foram instalados.
Comparando essa realidade ao trabalho do Grupo Onça Pintada, vemos que as mulheres acompanhadas pela entidade são privilegiadas, pois fazem parte de uma minoria de brasileiras que têm a oportunidade de ter acesso a um atendimento de qualidade e no tempo certo. O segredo? Agilidade, rapidez e respeito pela vida. Embora a entidade encaminhe as pacientes que necessitam fazer cirurgias para os hospitais públicos, essas mulheres já chegam ao hospital com todos os exames prontos, e isso reduz o tempo de espera pela cirurgias e tratamento.
Mas, para chegar a esse resultado final a equipe do Grupo Onça Pintada se esforça, se dedica em cada detalhe, a começar pela organização das viagens. Após o roteiro traçado é hora entrar em contado com médicos, psicólogos e todos os profissionais envolvidos no atendimento.
A unidade móvel, um ônibus adaptado com aparelhos e macas também recebe uma atenção especial, afinal, é dentro dele que cada mulher será atendida. A “Onça” como é chamado carinhosamente o ônibus, passa por revisão semanalmente, além da limpeza, abastecimento. Com Tudo pronto é hora de ir para a estrada. Todos da equipe acordam de madrugada. No local combinado, embarcam e seguem viagem para mais um atendimento. No caminho uma breve parada para refeição e ao chegar ao município, rapidamente começa a organização do atendimento.
A ação inicia-se com a instalação do ônibus, que precisa de energia elétrica para ligar os equipamentos. Depois a equipe distribui senhas para as mulheres e preenche um cadastro com os dados de cada uma delas. E, só depois que as pacientes assistem a palestra sobre o câncer de mama, autoexame, importância do diagnóstico precoce e outros temas relacionados, inicia-se o atendimento. Uma a uma as mulheres entram na unidade móvel, conversam com a médica, são examinadas, recebem orientação e, quando necessário, são imediatamente encaminhada para realização de ultrassom, mamografia, cirurgia, etc.
O esforço da equipe do Grupo Onça Pintada é recompensado a cada nova atendimento, a cada nova mulher que sai da unidade móvel com o sorriso no rosto afirmando que está tudo normal. Para as que recebem uma triste notícia da possibilidade de estar com câncer, a equipe ergue a cabeça e a partir daquele momento só pensam em uma coisa: salvar mais uma vida.
“Elas ficam apreensivas e a nossa reação imediata é tranquilizá-la e conscientizá-la de que ela será tratada imediatamente e de que ela tem que lutar pela vida. Nessa etapa a agilidade do processo é fundamental. Detectando a malignidade, aí sim nós a orientamos e a ajudamos para que inicie o tratamento rapidamente. Com o diagnóstico em mãos, ela chega em qualquer lugar e é atendida. As pessoas questionam porque existe tanta mortalidade devido ao câncer de mama e eu respondo que isso ocorre porque essas mulheres sabem que tem o nódulo, suspeitam que seja grave, mas não procuram ajuda porque elas sabem das dificuldades que vão enfrentar para ter esse simples diagnóstico e para fazer o tratamento. Eu fico comovida com as dores dessas mulheres”, relata Ana Dalva Bezerra, voluntária do Grupo Onça Pintada.
Há 13 anos na estrada, o Grupo Onça Pintada já atendeu mais de 50 mil mulheres, realizou 9 mil exames pelo menos 2,2 mil encaminhamento cirúrgico. O trabalho só é possível graças aos voluntários e a parcerias com o deputado Paulo Corrêa, prefeituras e Secretária de Estado de Saúde.
E assim o Grupo Onça Pintada segue a cada novo dia, levando prevenção para as mulheres e estendendo a mão para aquelas que já estão com a doença.
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