Voltar para notícias · 24 novembro, 2015

Ex-assessor que citou fundo para retomadas em ação depõe na CPI, mas nega envolvimento com CIMI

O advogado e professor universitário Maucir Pauletti foi ouvido nesta terça-feira, durante a sétima reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito instalada na Assembleia Legislativa para investigar se o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) incita e financia invasões de terras em Mato Grosso do Sul. 

O ex-assessor jurídico do Conselho Indigenista Missionário aparece como réu em uma ação ordinário movida pelo CIMI, em que foi acusado de apropriação indébita de recursos durante os 15 anos em que assessorou a entidade. Maucir foi excluído da ação após acordo trabalhista com o CIMI.  

Porém, antes de ser excluído, em sua defesa ele citou recursos advindos de diversos fundos que eram depositados na conta do CIMI por entidades estrangeiras. Parte desses recursos, cerca de US$ 60 mil, era destinado ao pagamento de assessores jurídicos que atuava na elaboração de projetos, entre eles Maucir. Na ação ele justificou que as retiradas eram uma ajuda de custo. Mas hoje, durante seu depoimento à CPI, negou veementemente que recebia qualquer valor a mais pela atuação nos projetos.  

O que chamou a atenção dos membros da CPI é que um dos fundos citados na ação era destinado a retomadas, cuja entidade financiadora era Christian Aid. Questionado se tinha conhecimento desse fundo, Pauletti também negou, mas a resposta não convenceu o relator, deputado Paulo Corrêa. O parlamentar demonstrou estranheza frente à resposta e destacou que até agora todos os ouvidos na CPI afirmaram desconhecer os trabalhos missionários realizados nas aldeias. 

“A CPI é para saber o envolvimento do CIMI incitando invasão. Não para mim, não e contra o produtor rural, não é contra a Igreja Católica, é para investigar o CIMI, que é um braço da CNBB. Então tem o envolvimento de alguns Bispos que se encontram na questão indígena por intermédio do CIMI, mas a gente sempre vê um lado positivo de que eles deveriam estar prestando um serviço missionário dentro da aldeias, mas o que estamos ouvindo nesses depoimentos todos é que o CIMI fomenta invasão”, ressaltou Paulo Corrêa. 

Logo no início da oitiva, Pauletti afirmou desconhecer a atuação missionária do CIMI, bem como, se há por parte da entidade incitação e financiamento de invasões. “O CIMI não é uma entidade que fomenta incitação, mas que dá apoio”, disse ele, alegando que sua atuação se restringia ao atendimento jurídico das comunidades indígenas.

Atualmente Maucir Pauletti reside em campo Grande. É advogado e professor na Universidade Católica Dom Bosco. Natural do Rio Grande do Sul, veio para Campo Grande como religioso em 1979. À CPI ele afirmou que trabalhou como prestador de serviços no CIMI no período de 1979 a 2002, atuando na assessoria dos povos indígenas, principalmente nas questões fundiárias, formação de organizações e algumas questões particulares, mas negou qualquer contato com as atividades financeiras do Conselho.  “Eu participava a convite deles (Índios). Sempre tinha um chamado para participar, para ajudar a esclarecer processos que envolvia as terras deles, questão de INSS, questão de saúde, que envolvia fundamentalmente questões dos direitos deles”, declarou, negando que era membros do Conselho. “Eu não era integrante do CIMI. Não participava da organização geral do CIMI”, disse. 

Durante o depoimento de Maucir Pauletti as membros da CPI veicularam um vídeo entregue à Comissão por meio de denúncia, em que ele dialoga com outras duas pessoas sobre o CIMI e a atuação da Igreja Católica. Questionado, Pauletti disse que não sabia que a conversa havia sido gravada e não quis entrar em detalhes sobre o teor do vídeo, defendendo que o assunto não tem relação com o CIMI. 

De acordo com a denúncia o áudio foi gravado na sala da coordenação do curso de Direito da UCDB. Na gravação, que parece um desabafo, Pauletti afirma que “se tem alguém que tem o poder de trabalhar nos bastidores é a Igreja Católica. E ela trabalha de forma desumana”. Em outros trechos fala de crimes em cadeia, do arrependimento de não ter falado antes, da guerra que estaria vivendo o Estado e da intolerância. Todas essas questões não foram esclarecidas por ele durante sua fala. 

Ao final da reunião, a presidente da CPI, deputada Mara Caseiro apresentou novos nomes que fora aprovados para as próximas oitivas. São eles: o Delegado de Polícia Civil, Márcio Custódio; o Delegado de Polícia Federal Marcelo Alexandrino; Irmã Michael Nolan; Cacique Fábio Lemes da Aldeia Argola, em Miranda; Cacique Farid; Delegado de Polícia Civil André Matsushita; indígena Ramão e o advogado Paulus Aquilies. 

As reuniões da CPI do CIMI acontecem todas as terças-feiras, no Plenário Julio Maia, Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul. 

 

 

Deputado Estadual Paulo Corrêa

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