Voltar para notícias · 09 março, 2016

Convocados faltam à CPI e único indígena ouvido acusa CIMI de incitar e financiar invasões

Os membros da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do CIMI (Conselho Indigenista Missionário) foram pegos de surpresa nesta terça-feira com a informação da ausência dos indígenas Edson Candelário, Professor Estevinho, Cacique Ramon e Luiz Henrique Eloy Amado, que haviam sido convocados ainda na semana passada para depor hoje na Comissão. 

Todos foram convocados por indicação do deputado Pedro Kemp, membro da CPI, que na última reunião exigiu a presença dos indígenas e se propôs a ajudar na localização dos mesmos, já que os quatro não estavam sendo encontrados pela assessoria da CPI. As intimações foram encaminhas, por orientação do próprio deputado petista, para a Funai, que só hoje encaminhou documento à CPI alegando que as convocações não são de competência do órgão. 

De acordo com notícias divulgadas na imprensa, o Advogado e membro do CIMI, Luiz Henrique Eloy amado conseguiu na justiça uma liminar, no entanto, a CPI ainda não foi notificada sobre a decisão. Ainda segundo a reportagem, a liminar não o exime de comparecer na CPI, apenas garante o direito de Eloy permanecer em silêncio.

Com a ausência do advogado-indígena na reunião de hoje, o relator da Comissão, deputado Paulo Corrêa propôs a condução coercitiva de Eloy, caso a liminar concedida a ele seja apenas parcial. A proposição foi aprovada pelos membros da CPI, com voto contrário apenas do deputado Pedro Kemp. 

Acusações contra o CIMI

Ouvido hoje pela CPI do CIMI, o Indígena Rubson Ferreira de Oliveira, da etnia Terena e que reside na Aldeia Bananal do posto indígena de Taunay, em Aquidauana, acusou o Conselho Indigenista Missionário de planejar, incentivar e financiar as invasões de terras em Mato Grosso do Sul. 

Rubson é mais um indígena que procurou a CPI para fazer denúncias contra o CIMI. Ele afirmou que muitos outros patrícios confirmam as acusações, mas não procuram a CPI por medo de represália. 

De acordo com ele, o CIMI não desenvolve nas aldeias nenhum projeto missionário e apenas incentiva e oferece suporte para as invasões. “O único projeto deles é manipular a cabeça de alguns patrícios nossos sobre essas invasões. O CIMI fala que a terra é nossa. Eu sou contra as invasões e fico preocupado porque envolve bastante patrício nosso. Quem tem que resolver isso é a Funai, mas o CIMI joga os patrícios contra os fazendeiros”, declarou.

Rubson, que já havia procurado a Casa de Leis há cerca de dois anos para denunciar a compra de armas pelos índios com dinheiro repassado pelo CIMI, disse hoje que a decisão de invadir as áreas é sempre dos membros da entidade, e não dos índios. 

“As decisões são tomadas dentro da aldeia, mas com a participação do CIMI. Eu já vi eles (CIMI) falando que os índios deveriam fazer a retomada que eles mandam lona, mandam alimentação, mandam carro, ajudam”, afirmou. 

O indígena também citou nomes de pessoas que teriam envolvimento com o CIMI e disse que o Conselho Indigenista Missionário recebe dinheiro de instituições estrangeiras. “Eles (CIMI) vão lá para fora (outros países), falam que nossa comunidade está em situação precária, pegam recursos para eles e dão um pouco para os índios se manterem nas ocupações. Sou testemunha fiel dessas conversas que temos pessoalmente.”, garantiu. 

No final da reunião o deputado Paulo Corrêa falou da importância do depoimento para a CPI.   “Ouvimos o senhor Rubson a pedido dele e é mais uma pessoa que nos apresenta denúncias gravíssimas contra o CIMI. Nós estamos aqui para saber sobre o CIMI. Se outras pessoas quiserem falar nós vamos ouvir”, afirmou o relator.  

Os convocados para depor na reunião da CPI na próxima semana são: o coordenador do Regional do CIMI em Mato Grosso do Sul, Flávio Machado, o presidente nacional do CIMI, Dom Roque Paloschi e o vereador de Sidrolândia Cledinaldo Cotócio. 

 

Deputado Estadual Paulo Corrêa

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