Democratização
das ações de saúde pública em Mato Grosso do Sul e destinação de recursos
provenientes de apostas da loteria federal para financiamento dos gastos com
SUS (Sistema Único de Saúde), a partir da aprovação da emenda 29, foram dois
dos assuntos debatidos e sugeridos ontem (25/10) pelos participantes da
Audiência Pública com o tema “A Saúde Pública em Mato Grosso do Sul”.

O
evento, proposto pelos deputados estaduais Paulo Corrêa e Lauro Davi, aconteceu
durante toda tarde, no Plenário Júlio Maia, na Assembleia Legislativa, e contou
com a presença de secretários municipais de saúde, prefeitos, membros de
instituições ligadas ao setor de saúde, e autoridades, que apresentaram dados
explicativos sobre a situação atual do sistema de saúde no Estado e esclareceram
como é feita a aplicação de recursos.

“Saúde
é um assunto que interessa a sociedade como um todo. Então convidamos a
secretária de Estado de Saúde para esclarecer algumas questões. Sabemos que
hoje o setor de saúde precisa de financiamento e essa audiência pública é uma
forma de abrir essa discussão para todos os gestores do Estado”, explicou o
primeiro-secretário da Assembleia, deputado Paulo Corrêa.

O deputado Lauro Davi,
presidente da Comissão da Saúde e Seguridade Social da Assembleia, explicou que
a audiência teve como maior objetivo esclarecer o destino dos recursos públicos
repassados às unidades de saúde. “Não adianta apenas repassar, tem que haver
critérios para saber o que podemos fazer para gastar melhor esse dinheiro”,
ressaltou.

O
procurador de justiça Mauri Valentin Ricciotti, que representou o Ministério
Público na audiência, apontou que para se obter melhorias é preciso coibir os
abusos, como desvio de dinheiro público, além de aumentar a fiscalização. “As
formas de desvio de dinheiro público destinado à saúde são inúmeras e se não
houver fiscalização, quanto maior for o investimento, mais será desviado. Nossa
missão é uma luta de vigilância ao sistema, de forma a fazê-lo funcionar da
melhor maneira possível”, disse.

Durante
a audiência o deputado Paulo Corrêa lembrou que também ontem os profissionais
de saúde que atual na rede pública estavam em protesto, reivindicando melhoria
salarial e melhores condições de trabalho. “São profissionais mostrando que
podem trabalhar melhor. Quando falamos da Emenda 29 não podemos esquecer a
melhoria da remuneração destes profissionais, melhorias dos equipamentos e da
estrutura hospitalar”, afirmou.

A
secretária de Estado de Saúde, Beatriz Figueiredo Dobashi, apresentou durante o
evento um resumo sobre todas as ações realizadas no setor de saúde dos últimos
anos e destacou que um dos motivos dos problemas enfrentados pela Santa Casa é
o grande número de acidentes de trânsito. “A Santa Casa apresentou avanços nos
últimos seis anos e é referência no tratamento de trauma. Então temos que
tentar diminuir o número de acidentes e a violência, porque os pacientes graves
desorganizam todo o sistema de atendimento da Santa Casa. Além disso, temos
muitos problemas crônicos dentro do hospital que vieram da parte financeira,
administrativa e de pessoal, mas a Santa Casa tem uma trajetória para frente e
o prédio vem sendo recuperado”, explicou.

A
dificuldade enfrentada por pacientes com problemas renais e que precisam fazer
hemodiálise também foi destaque durante a audiência. O prefeito de Batayporã
Edson Ibrahin e o vereador de Nova Andradina, Marião da Saúde, afirmaram que
nesses dois municípios há necessidade e instalação de unidades que ofereçam o
tratamento. Em resposta, Dobashi explicou que existe sim uma deficiência no
sistema de hemodiálise, mas que no momento o Estado não tem condições de
implantar novas unidades. “Temos uma situação difícil no sistema de hemodiálise
e estamos viabilizando recursos para ampliar esse atendimento em Dourados e
Aquidauana.”, afirmou.

Participaram
também da Audiência Pública o presidente e o vice-presidente do sindicato dos
médicos de MS, João Batista Botelho e Valdir Chigueiro, os deputados Zé
Teixeira, Pedro Kemp, Júnior Mochi, o diretor do Hospital Regional Rosa
Pedrossian, Ronaldo Perches Queiroz, o secretário Municipal de Saúde de Campo
Grande, Leandro Mazina Martins, o prefeito de Rio Verde, Willin Brito, o
vereador Jamal Mohamed, o presidente do Cosems (Conselho Estadual de
Secretarias de Saúde), Frederico Neto, vice-prefeito de Aral Moreira, Eugênio
Freire, o presidente da Associação de Administração da Santa Casa, Wilson Levi,
além de secretários municipais de saúde e vereadores.